1- A centralidade do indivíduo
Os
batistas, historicamente, têm exaltado o valor do indivíduo, dando-lhe
um lugar central no trabalho das igrejas e da denominação. Essa
distinção, entretanto, está em perigo nestes dias de automatismo e
pressões para o conformismo. Alertados para esses perigos, dentro das
próprias fileiras, tanto quanto no mundo, os batistas devem preservar a
integridade do indivíduo.
O alto valor do
indivíduo deve refletir-se nos serviços de culto, no trabalho
evangelístico, nas obras missionárias, no ensino e treinamento da
mordomia, em todo o programa de educação cristã. Os programas são
justificados pelo que fazem pelos indivíduos por eles influenciados.
Isso significa, entre outras coisas, que o indivíduo nunca deve ser
usado como um meio, nunca deve ser manobrado, nem tratado como mera
estatística. Esse ideal exige, antes, que seja dada primordial
consideração ao indivíduo, na sua liberdade moral, nas suas necessidades
urgentes e no seu valor perante Cristo.
De
consideração primordial na vida e no trabalho de nossas igrejas é o
indivíduo, com seu valor, suas necessidades, sua liberdade moral, seu
potencial perante Cristo.
2- Culto
O
culto a Deus, pessoal ou coletivo, é a expressão mais elevada da fé e
devoção cristã. É supremo tanto em privilégio quanto em dever. Os
batistas enfrentam uma necessidade urgente de melhorar a qualidade do
seu culto, a fim de experimentarem coletivamente uma renovação de fé,
esperança e amor, como resultado da comunhão com o Deus supremo.
O
culto deve ser coerente com a natureza de Deus, na sua santidade: uma
experiência, portanto, de adoração e confissão que se expressa com temor
e humildade. O culto não é mera forma e ritual, mas uma experiência com
o Deus vivo, através da meditação e da entrega pessoal. Não é
simplesmente um serviço religioso, mas comunhão com Deus na realidade do
louvor, na sinceridade do amor e na beleza da santidade.
O
culto torna-se significativo quando se combinam, com reverência e
ordem, a inspiração da presença de Deus, a proclamação do evangelho, a
liberdade e a atuação do Espírito. O resultado de tal culto será uma
consciência mais profunda da santidade, majestade e graça de Deus, maior
devoção e mais completa dedicação à vontade de Deus.
O
culto – que envolve uma experiência de comunhão com o Deus vivo e santo
– exige uma apreciação maior sobre a reverência e a ordem, a confissão e
a humildade, a consciência da santidade, majestade, graça e propósito
de Deus.
3- O ministério cristão
A
igreja e todos os seus membros estão no mundo a fim de servir. Em certo
sentido, cada filho de Deus é chamado como cristão. Há, entretanto, uma
falta generalizada no sentido de negar o valor devido à natureza
singular da chamada como vocação ao serviço de Cristo. Maior atenção
neste ponto é especialmente necessária, em face da pressão que recebem
os jovens competentes para a escolha de algum ramo das ciências e, ainda
mais devido ao número decrescente daqueles que estão atendendo à
chamada divina, para o serviço de Cristo.
Os
que são chamados pelo Senhor para o ministério cristão devem reconhecer
que o fim da chamada é servir. São, no sentido especial, escravos de
Cristo e seus ministros nas igrejas e junto ao povo. Devem exaltar suas
responsabilidades, em vez de privilégios especiais. Suas funções
distintas não visam à vanglória; antes, são meios de servir a Deus, à
igreja e ao próximo.
As igrejas são
responsáveis perante Deus por aqueles que elas consagram ao seu
ministério. Devem manter padrões elevados para aqueles que aspiram à
consagração, quanto à experiência e ao caráter cristãos. Devem
incentivar os chamados a procurarem o preparo adequado ao seu
ministério.
Cada cristão tem o dever de
ministrar ou servir com abnegação completa; Deus, porém, na sua
sabedoria, chama várias pessoas de um modo singular para dedicarem sua
vida de tempo integral ao ministério relacionado com a obra da igreja.
4- Evangelismo
O
evangelismo é a proclamação do juízo divino sobre o pecado, e das boas
novas da graça divina em Jesus Cristo. É a resposta dos cristãos às
pessoas na incidência do pecado, é a ordem de Cristo aos seus
seguidores, a fim de que sejam suas testemunhas frente a todos os
homens. O evangelismo declara que o evangelho, e unicamente o evangelho,
é o poder de Deus para a salvação. A obra de evangelismo é básica na
missão da igreja e no mister de cada cristão.
O
evangelismo, assim concebido, exige um fundamento teológico firme e uma
ênfase perene nas doutrinas básicas da salvação. O evangelismo
neotestamentário é a salvação por meio do evangelho e pelo poder do
Espírito. Visa à salvação do homem todo; confronta os perdidos com o
preço do discipulado e as exigências da soberania de Cristo; exalta a
graça divina, a fé voluntária e a realidade da experiência de conversão.
Convites feitos a pessoas não salvas
nunca devem desvalorizar essa realidade imperativa. O uso de truques de
psicologia das massas, os substitutivos da convicção e todos os esquemas
vaidosos são pecados contra Deus e contra o indivíduo. O amor cristão, o
destino dos pecadores e a força do pecado constituem uma urgência
obrigatória.
A norma de evangelismo
exigida pelos tempos críticos dos nossos dias é o evangelismo pessoal e
coletivo, o uso de métodos sãos e dignos, o testemunho de piedade
pessoal e dum espírito semelhante ao de Cristo, a intercessão pela
misericórdia e pelo poder de Deus, e a dependência completa do Espírito
Santo.
O evangelismo, que é básico no
ministério da igreja e na vocação do crente, é a proclamação do juízo e
da graça de Deus em Jesus Cristo e a chamada para aceitá-lo como
Salvador e segui-lo como Senhor.
5- Missões
Missões,
como usamos o termo, é a extensão do propósito redentor de Deus através
do evangelismo, da educação e do serviço cristão além das fronteiras da
igreja local. As massas perdidas do mundo constituem um desafio
comovedor para as igrejas cristãs.
Uma vez
que os batistas acreditam na liberdade e competência de cada um para as
próprias decisões, nas questões religiosas, temos a responsabilidade
perante Deus de assegurar a cada indivíduo o conhecimento e a
oportunidade de fazer a decisão certa. Estamos sob a determinação
divina, no sentido de proclamar o evangelho a toda a criatura. A
urgência da situação atual do mundo, o apelo agressivo de crenças e
ideologias exóticas, e nosso interesse pelos transviados exigem de nós
dedicação máxima em pessoal e dinheiro, a fim de proclamar-se a redenção
em Cristo, para o mundo todo.
A
cooperação nas missões mundiais é imperativa. Devemos utilizar os meios à
nossa disposição, inclusive os de comunicação em massa, para dar o
Evangelho de Cristo ao mundo. Não devemos depender exclusivamente de um
grupo pequeno de missionários especialmente treinados e dedicados. Cada
batista é um missionário, não importa o local onde mora ou posição que
ocupa. Os atos pessoais ou de grupos, as atitudes em relação a outras
nações, raças e religiões fazem parte do nosso testemunho favorável ou
contrário a Cristo, o qual, em cada esfera e relação da vida, deve
fortalecer nossa proclamação de que Jesus é o Senhor de todos.
As
missões procuram a extensão do propósito redentor de Deus em toda
parte, através do evangelismo, da educação, e do serviço cristão e exige
de nós dedicação máxima.
6- Mordomia
A
mordomia cristã é o uso, sob a orientação divina, da vida, dos
talentos, do tempo e dos bens materiais, na proclamação do Evangelho e
na prática respectiva. No partilhar o Evangelho, a mordomia encontra seu
significado mais elevado: ela é baseada no reconhecimento de que tudo o
que temos e somos vem de Deus, como uma responsabilidade sagrada.
Os
bens materiais em si não são maus, nem bons. O amor ao dinheiro, e não o
dinheiro em si, é a raiz de todas as espécies de males. Na mordomia
cristã o dinheiro torna-se o meio para alcançar bens espirituais, tanto
para a pessoa que dá, quanto para quem recebe. Aceito como encargo
sagrado, o dinheiro torna-se não uma ameaça e sim uma oportunidade.
Jesus preocupou-se em que o homem fosse liberto da tirania dos bens
materiais e os empregasse para suprir tanto às necessidades próprias
como as alheias.
A responsabilidade da
mordomia aplica-se não somente ao cristão como indivíduo, mas, também, a
cada igreja local, cada convenção, cada agência da denominação. Aquilo
que é confiado ao indivíduo ou à instituição não deve ser guardado nem
gasto egoisticamente, mas empregado no serviço da humanidade e para a
glória de Deus.
A mordomia cristã concebe
toda a vida como um encargo sagrado, confiado por Deus, e exige o
emprego responsável de vida, tempo, talentos e bens – pessoal ou
coletivamente – no serviço de Cristo.
7- O ensino e treinamento
O
ensino e treinamento são básicos na comissão de Cristo para os seus
seguidores, constituindo um imperativo divino pela natureza da fé e
experiência cristãs. Eles são necessários ao desenvolvimento de atitudes
cristãs, à demonstração de virtudes cristãs, ao gozo de privilégios
cristãos, ao cumprimento de responsabilidades cristãs, à realização da
certeza cristã. Devem começar com o nascimento do homem e continuar
através de sua vida toda. São funções do lar e da igreja, divinamente
ordenadas. E constituem o caminho da maturidade cristã.
Desde
que a fé há de ser pessoal, e voluntária cada resposta à soberania de
Cristo, o ensino e treinamento são necessários antecipadamente ao
Discipulado Cristão, e a um testemunho vital. Este fato significa que a
tarefa educacional da igreja deve ser o centro do programa. A prova do
ministério do ensino e treinamento está no caráter semelhante ao de
Cristo e na capacidade de enfrentar e resolver eficientemente os
problemas sociais, morais e espirituais do mundo hodierno. Devemos
treinar os indivíduos a fim de que possam conhecer a verdade que os
liberta, experimentar o amor que os transforma em servos da humanidade, e
alcançar a fé que lhes concede a esperança no reino de Deus.
A natureza da fé e experiência cristãs e a natureza e necessidades das pessoas fazem do ensino e treinamento um imperativo.
8- Educação cristã
A
fé e a razão aliam-se no conhecimento verdadeiro. A fé genuína procura
compreensão e expressão inteligente. As escolas cristãs devem conservar a
fé e a razão no equilíbrio próprio. Isto significa que não ficarão
satisfeitas senão com os padrões acadêmicos elevados. Ao mesmo tempo,
devem proporcionar um tipo distinto de educação – a educação infundida
pelo espírito cristão, com a perspectiva cristã e dedicada aos valores
cristãos.
Nossas escolas cristãs têm a
responsabilidade de treinar e inspirar homens e mulheres para a
liderança eficiente, leiga e vocacional, em nossas igrejas e no mundo.
As igrejas, por sua vez, têm a responsabilidade de sustentar
condignamente todas as suas instituições educacionais.
Os membros de
igrejas devem ter interesse naqueles que ensinam em suas instituições,
bem como naquilo que estes transmitem. Há limites para a liberdade
acadêmica; deve ser admitido, entretanto, que os professores das nossas
instituições tenham liberdade para erudição criadora, com o equilíbrio
de um senso profundo de responsabilidade pessoal para com Deus, a
verdade, a denominação, e as pessoas a quem servem.
A
educação cristã emerge da relação da fé e da razão e exige excelência e
liberdade acadêmicas que são tanto reais quanto responsáveis.
9- A autocrítica
Tanto
a igreja local quanto a denominação, a fim de permanecerem sadias e
florescentes, têm que aceitar a responsabilidade da autocrítica. Seria
prejudicial às igrejas e à denominação se fosse negado ao indivíduo o
direito de discordar, ou se fossem considerados nossos métodos ou
técnicas como finais ou perfeitos. O trabalho de nossas igrejas e de
nossa denominação precisa de freqüente avaliação, a fim de evitar a
esterilidade do tradicionalíssimo. Isso especialmente se torna
necessário na área dos métodos, mas também se aplica aos princípios e
práticas históricas em sua relação à vida contemporânea. Isso significa
que nossas igrejas, instituições e agências devem defender e proteger o
direito de o povo perguntar e criticar construtivamente.
A
autocrítica construtiva deve ser centralizada em problemas básicos e
assim evitar os efeitos desintegrantes de acusações e recriminações.
Criticar não significa deslealdade; a crítica pode resultar de um
interesse profundo do bem-estar da denominação. Tal crítica visará ao
desenvolvimento à maturidade cristã, tanto para o indivíduo quanto para a
denominação.
Todo grupo de cristãos, para conservar sua produtividade, terá que aceitar a responsabilidade da autocrítica construtiva.
Como
batistas, revendo o progresso realizado no decorrer dos anos, temos
todos inteira razão de desvanecimento ante as evidências do favor de
Deus sobre nós. Os batistas podem bem cantar com alegria, “Glória a
Deus, grandes coisas Ele fez!” Podem eles também lembrar que aqueles aos
quais foi dado o privilégio de gozar de tão alta herança, reconhecidos
ao toque da graça, devem engrandecê-la com os seus próprios sacrifícios.